O MPF/SP ingressou no último dia 6/5 com uma ação cautelar com pedido de liminar e produção antecipada de prova para que a USP transfira, em até 72 horas, os livros armazenados inadequadamente no anexo IV da Faculdade de Direito desde o final de janeiro deste ano, de volta ao antigo espaço onde funcionava a biblioteca departamental ou outro espaço no prédio histórico da faculdade, no Largo São Francisco, no centro da capital.
Além do retorno dos livros ao prédio histórico, a procuradora da República Ana Cristina Bandeira Lins, responsável pelo caso, pede que a JF determine que, após o retorno dos livros à sede da faculdade, que todas as caixas sejam abertas e todos os livros armazenados em estantes, possibilitando novamente o acesso do público e da comunidade acadêmica às obras, em até 15 dias.
Para o MPF não há mais dúvida de que a mudança de parte do acervo da Biblioteca da Faculdade de Direito da USP para o Anexo IV se deu de forma "açodada". O caso ganhou contornos dramáticos no último dia 3 de maio, quando um vazamento iniciado no quinto andar desceu por elevadores e escadas, atingindo o terceiro andar do novo prédio, um dos três ocupados pelos livros, que, em parte, permanecem encaixotados desde a mudança, conforme noticiou o Centro Acadêmico XI de Agosto.
O MPF requer ainda que só sejam transferidos os livros da antiga Biblioteca Departamental para o Anexo IV da faculdade após a apresentação de laudo assinado por engenheiro civil e vistoria do Corpo de Bombeiros, atestando condições estruturais do edifício para o funcionamento de biblioteca (com exame, inclusive, dos equipamentos hidráulicos e elétricos, por conta de risco de inundação e incêndio), bem como aprovação da mudança definitiva pelos órgãos responsáveis da faculdade. Caso seja concedida a liminar, o MPF requer a aplicação de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento.
Segundo o MP, a ação cautelar é uma medida preparatória visando a instrução de uma ação civil pública, que será ajuizada em breve para questionar a mudança e salvaguardar parte do acervo da histórica biblioteca, fundada em 1827 e uma das mais antigas do país. Ainda segundo o MP, a atuação do MPF neste caso se justifica devido à importância histórica e acadêmica, inclusive internacional, do acervo. O acervo de Direito Romano, por exemplo, é considerado o melhor da América Latina e o de Direito Comercial, um dos melhores do mundo. Há milhares de obras fora de catálogo.
Na cautelar, distribuída à 23ª vara Federal Cível, o MPF pediu que seja questionado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, o Iphan, se o órgão tem interesse em ingressar com o MPF na ação.
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