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domingo, 4 de julho de 2010

Mais nem sempre é melhor

*e-mail enviado pelo Dr. Jader Silveira Alves.
                    Ter boas habilidades profissionais e destacar-se entre os colegas de trabalho é ótimo, mas é preciso tomar muito cuidado com a linha tênue entre a excelência e a arrogância.
                    As habilidades dos profissionais, por melhor que sejam, precisam estar sempre alinhadas às necessidades organizacionais. Não adianta ser o profissional mais ágil e o que capta melhor as ideias se não tiver paciência suficiente para ouvir os outros ao redor ou ensiná-los, se não souber interagir e criar boas relações no trabalho.
                    Qualidades exageradamente valorizadas tornam-se defeitos, e profissionais podem até mesmo perder seus empregos por isso. Cada vez mais as empresas valorizam as características comportamentais de seus colaboradores e como é a sua atuação dentro do grupo e da equipe, e não apenas como ele atua individualmente, embora isso também seja importante. O fato de um profissional ser brilhante, portanto, não tem valor algum se a sua presença tem trazido desconforto e mal estar para o ambiente de trabalho, tornando-o menos produtivo.
                    Para a empresa, é muito mais fácil desligar um profissional que está causando problemas, por melhor que seja esse colaborador, do que abrir mão de toda uma equipe que, mesmo sem “estrelas”, produz bem.
                    Tocar nesse assunto às vezes até parece óbvio, mas não é. Na verdade, há também muitos profissionais cujas características os tornam brilhantes, mas não percebem e não valorizam isso, o que pode resultar em consequências ainda piores. Ao não perceber, por exemplo, que ele tem mais facilidade e agilidade do que os outros em determinadas áreas ou determinados assuntos, ele acaba não respeitando o tempo e a dinâmica dos outros, tratando-os dessa forma de maneira inferior, quando na verdade ele que está acima da média.
                    Assim, é fundamental que cada profissional pare e identifique exatamente quais as qualidades e necessidades que possui. E lembrar que algumas das necessidades talvez não valham a pena ser trabalhadas, sendo mais fácil concentrar-se em algo em que já se destaque e cercar-se de pessoas com qualidades complementares, formando realmente um teamwork. Vale, sim, destacar as qualidades, afinal isso é marketing pessoal; mas tudo deve ser feito sem exageros.
                    Muitas vezes não é fácil identificar, sozinho, qualidades e defeitos, e uma ajuda profissional torna-se necessária. Em anos atuando em Recursos Humanos, vi milhares de profissionais procurando ajuda porque tinham um currículo perfeito, com boa formação, MBA, domínio de outras línguas, experiência em grandes grupos, porém, não conseguiam se recolocar ou entrar na empresa que queriam. Para eles, isso era um mistério, mas para mim já era óbvio que eles tinham algum problema comportamental, o que nossas entrevistas simuladas e sessões de coaching acabaram confirmando depois.
                    Esses profissionais precisaram de uma ajuda profissional, pois se supervalorizavam tanto que foram incapazes de receber feedbacks de outros colaboradores de sua equipe. Para eles, os outros eram inferiores e o criticavam por inveja. Ao ouvirem, no entanto, um feedback de alguém de fora, eles até relutaram, mas cederam em meio às evidências.
                    Independente de onde venham os feedbacks, eles devem sempre ser usados para melhorar algo. Por isso, seja sim brilhante. Destaque-se. Dê o melhor de si. Mas saiba respeitar o próximo e lidar com as diferenças. Seja resiliente, adapte-se e tenha, principalmente, equilíbrio para não tornar suas excelentes qualidades em grandes defeitos (Estado de Minas - 27/06/2010).
Hélio Rangel Terra, formado em Ciências Contábeis com pós-graduação em Harvard, é Presidente da Ricardo Xavier Recursos Humanos.

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