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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Artigo: A Questão Ética, o Bom Senso

A tempos tenho ouvido que a advocacia deve tomar um novo rumo, escritórios, advogados devem nortear seu trabalho abandonando velhos paradigmas e adotando uma nova postura, uma nova conduta, judicializando as demandas somente em último caso e apenas quando realmente necessário.
No cenário atual, temos um Poder Judiciário repleto de processos, em todos os níveis e vias, são ações e reações em demasia, demandas desnecessárias e despropositais que disputam espaço e o fôlego de Juízes, Promotores e combatentes servidores, frente a tantas outras que trazem a necessidade e a urgência em seu cordão umbilical.
É um trabalho hercúleo, é preciso separar o joio do trigo, o necessário do supérfluo, o vital do pecaminoso.
Em todo este contexto, é de se lamentar ainda hoje ouvirmos relatos de colegas que trazem para si, de forma pessoal e passional, a demanda, a particularidade, os propósitos e os despropósitos da parte que deveria – tecnicamente – representar.
Se é tão real e tão grande o direito da parte que representa, o acordo não será um obstáculo intransponível, ao contrário da demanda contenciosa e muitas vezes, idosa. Me resta claro que, se a parte perde o bom senso, a razão, certamente já deve ter pedido o direito antes.
Ainda hoje, ao escrever este artigo, feita uma pausa para buscar o filho que retornava da aula, encontrei com um colega que representa a parte “adversa” em quatro grandes demandas, e ao lhe cumprimentar ainda disse, vamos conversar a respeito daqueles processos, quem sabe podemos conciliar, acordar. O entendimento e a receptividade foram grandes, marcamos para hoje mesmo uma reunião e assim, espero eu, quatro processos a menos terá o Judiciário, sobremaneira, em menos tempo nossos clientes terão seus anseios atendidos e a Justiça, maior justificação do Direito, passa a ter maior concretude e real efetividade.
Me recordo das palavras de meu Professor, Doutor Naylor Salles Gontijo, um dos maiores homens que conheci, de estatura intelectual, ética e humana impressionante, de quem tive a alegria do convívio, de ser amigo e afilhado: “advocacia é bom senso”.
Que assim seja, que assim a façamos. Mais que a advocacia, a humanidade anseia por mais bom senso.


CARLOS RAFAEL FERREIRAé Advogado do Escritório LOREDO FERREIRA, Professor Universitário, Palestrante pela Escola Superior de Advocacia, Especialista em Direito Público, Pós Graduado em Ciências Penais, Pós Graduado em Direito Civil, Direito Negocial e Imobiliário, Membro Julgador do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/MG

carlosrafaelferreira@yahoo.com.br

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