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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Por que mestres e doutores se inscreveram no concurso para gari ?

*Fonte: Newsletter do Bom Dia Brasil
                    Ofertas abundantes e tentadoras. No quadro de avisos do curso preparatório para quem quer fazer concurso público, os salários merecem lugar de destaque. A estabilidade de emprego e a possibilidade de ascensão profissional levam milhões de brasileiros, todos os anos, a enfrentarem duras provas. São disputas acirradas, às vezes cem candidatos para cada uma das vagas.
                    “As pessoas se dedicam bastante. Eu imagino que na média de um ano, um ano e pouco as pessoas conseguem passar. Tem que se dedicar bastante, no mínimo oito horas de estudo por dia”, diz um candidato.
                    Mas nos últimos dias a formação educacional de candidatos a gari surpreendeu muita gente. Entre os inscritos mais de mil universitários, 86 estão fazendo pós-graduação, 24, mestrado e mais de 50 já terminaram o doutorado.
                    A função exige somente quatro anos de escolaridade e o mais intrigante: não há provas de conhecimentos específicos. Só exames físicos. A consultora de concursos Lia Salgado estranhou, mas aponta uma possível razão.
“O que eu acho é que a instituição concurso público nunca foi tão divulgada. O que acontece é que pessoas que estão com dificuldades reais de se sustentar vislumbram nesse concurso uma possibilidade de uma aprovação bem rápida, praticamente imediata. Não é tão pouco, é um salário em torno de R$ 700, mais plano de saúde, vale-transporte. É uma condição que permite que a pessoa siga buscando um estudo maior, uma preparação até para um outro concurso de nível mais adequado para a sua formação” opina Lia Salgado.
                    Será mesmo essa a única saída para quem precisa de um emprego? O diretor de gestão de pessoas da companhia de limpeza urbana, José Paulo Junqueira Lopes, que coordena o concurso para garis, também não encontra uma explicação plausível: “Isso é uma curiosidade também nossa. Não esperávamos um número de inscrições tão grande assim de candidatos com formação maior”.
                    Especializado em políticas públicas, o juiz federal William Douglas ainda procura uma justificativa para o fato de tantos mestrandos e doutores buscarem o emprego. “Legalmente ele pode fazer, o que seria ilícito e caso de medida judicial é entrar em um cargo para passar para outro ou ser requisitado para amigo que é deputado. Aí não pode. Alguém com doutorado fazer concurso para gari é lícito, mostra até humildade, mas certamente vai ser alguém que não vai estar feliz ali e isso não é bom para o serviço público e nem para a pessoa”, aponta William Douglas.

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