*Fonte: Editora Ferreira.
Editora Ferreira: Qual a sua formação acadêmica?
Carlos Augusto: Sou formado em Administração pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Comecei ainda o curso de Direito, mas este eu interrompi para focar meus estudos no concurso de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.
E.F: Por que decidiu apostar no serviço público?
C.A: Por vários fatores, como a possibilidade de se conseguir um emprego com base exclusivamente no mérito e no esforço pessoal, pela estabilidade que proporciona (mas que não se confunde com comodismo), pela boa remuneração, e pela realização pessoal no exercício da função escolhida.
E.F: Já fez outros concursos? Quais?
C.A: Fiz concurso para Carteiro aos 17 anos e Técnico Judiciário aos 18. Depois, trabalhando na Justiça do Trabalho, prestei provas para Técnico do Tesouro do Estado/RS e para Secretário de Diligências do Ministério Público/RS. Optei por não assumir estes cargos, mas sim o de Analista Judiciário, em 2004, o qual me proporcionou continuar trabalhando na mesma cidade onde já estava atuando com Técnico.
Já para a Receita Federal, fiz o concurso de AFRF de 2005. Estudei apenas após a publicação do edital (cerca de dois meses e meio) e acabei reprovado. Faltaram-me apenas 3 pontos para ficar entre os classificados. Mas isso não me desanimou. Pelo contrário, me incentivou a continuar estudando para o próximo concurso, que veio a ocorrer tão-somente em 2009.
Já para a Receita Federal, fiz o concurso de AFRF de 2005. Estudei apenas após a publicação do edital (cerca de dois meses e meio) e acabei reprovado. Faltaram-me apenas 3 pontos para ficar entre os classificados. Mas isso não me desanimou. Pelo contrário, me incentivou a continuar estudando para o próximo concurso, que veio a ocorrer tão-somente em 2009.
E.F: Por que optou pelo concurso de auditor da Receita?
C.A: Por que sempre foi o meu sonho. Desde cedo me identifiquei com a área de exatas, e mais especificamente com a área fiscal. Dentre as opções disponíveis, achei melhor focar os estudos na Receita Federal.
E.F: Como foi a sua rotina de estudo para o concurso da Receita?
C.A: Após a reprovação de 2005, passei cerca de dois anos num estudo pouco sistemático. Tentava não parar de estudar, mas também não tinha um compromisso sério, de dias ou horários específicos.
A partir de 2008 eu realmente intensifiquei os estudos. Seja por cursos telepresenciais, cursos online, compra de livros e estudo em casa, fui aumentando a carga de estudos na esperança de ser publicado o novo edital.
Em 2009 fiz dois cursos telepresenciais nos fins de semana. Tentei conciliar um estudo mais voltado à parte teórica e aos resumos durante a semana, com os cursos teletransmitidos, voltados essencialmente à resolução de questões. Com a publicação do edital, passei a estudar cerca de seis horas diárias (na verdade foi sempre à noite, pois nunca deixei de trabalhar, e o tempo livre para o estudo era sempre após o expediente, madrugada adentro), além do curso, que era de nove horas diárias, aos sábados e domingos.
E.F: Você teve apoio de seus familiares?
C.A: Com certeza, esse foi um ponto fundamental para ter chegado à aprovação. Durante toda esta longa trajetória percorrida, minha esposa Katriane foi presença constante, de apoio e estímulo. Ela me ajudou do início ao fim. Além disso, toda esta intensa preparação em 2008/2009 foi acompanhada do nascimento do nosso filho Matheus, em abril de 2008. Foi a Katriane que cuidou dele este tempo todo quase que integralmente, para que eu pudesse me dedicar ao trabalho e aos estudos. Metade desta aprovação, sem sombra de dúvida, é dela!
E.F: Como dividiu seu tempo entre estudos e família? Teve que abrir mão de muita coisa?
E.F: Como dividiu seu tempo entre estudos e família? Teve que abrir mão de muita coisa?
C.A: Esta parte não foi nada fácil. Sempre dá aquela vontade de ficar com a família, fazendo algum programa legal em vez de ficar estudando... Mas são sacrifícios necessários e temporários, recompensados depois, pela aprovação. Graças à minha esposa, nunca me faltou compreensão e apoio para me manter firme nos estudos. Estudo este que, graças a Deus, foi muitíssimo recompensado por esta conquista.
E.F: Fez curso preparatório? Acredita que os cursos são indispensáveis para quem quer disputar uma vaga no serviço público?
C.A: Fiz dois cursos telepresenciais da rede LFG/Curso para Concursos. Não freqüentei nenhum curso presencial. E acredito, sinceramente, ser muito complicado para algum candidato se preparar de forma isolada, sem nenhum apoio específico de professores do ramo, pois os concursos estão cada vez mais concorridos e difíceis. Tanto os cursos quanto os concurseiros estão se especializando, e não é fácil concorrer.
Há alguns anos, bons cursos preparatórios era privilégio de alunos dos grandes centros. Em cidades do interior, como a minha, era muito complicado o acesso a materiais de boa qualidade. Mas hoje, graças a essa revolução no ensino, proporcionada pelos cursos telepresenciais e cursos online (destacando-se a rede LFG e o Ponto dos Concursos, nos excelentes cursos dos quais fui aluno), pode-se dizer que qualquer concursando, em qualquer parte do país, mesmo longe dos grandes centros, pode (e deve!) concorrer de igual para igual com os demais. Hoje todos temos acesso a aulas de excelente qualidade que, mesmo não presenciais, não deixam a desejar em nenhum aspecto.
E.F: Que materiais você utilizou para estudar?
C.A: De início, demorei um pouco até descobrir as bibliografias mais indicadas. Passei pela fase de estudar por apostilas, até me dar conta que concursos como o da Receita Federal demandam um aprofundamento muito maior nos conteúdos, e uma bibliografia direcionada. Certa vez ouvi dizer que o concurseiro demora mais até descobrir materiais de qualidade para estudar, do que propriamente estudando. E muitas vezes é verdade. Se já começarmos nossos estudos nos baseando em materiais de qualidade, com editoras e autores reconhecidos no mundo dos concursos, certamente estaremos pegando um “atalho” para a aprovação.
E.F: Em sua opinião, qual foi a sua maior dificuldade durante a preparação?
C.A: Creio que a maior dificuldade enfrentada foram as diversas mudanças do edital de 2009, frente ao de 2005. Estudei este tempo todo segundo as matérias cobradas em 2005. Algumas delas foram retiradas, assim como muitas outras foram acrescidas. Tive que começar do zero em disciplinas que nunca havia antes enfrentado, como Direito Civil, Penal, Comercial, Auditoria, Administração Pública e Raciocínio Lógico. Isto tudo sem falar das temidas provas discursivas, com as quais também estava tendo o primeiro contato. Mas com muito estudo e força de vontade venci o desânimo inicial pós-edital, encarei estas novidades todas e consegui superá-las.
E.F: Qual é a sensação de ser o primeiro colocado em um dos concursos mais cobiçados do país?
C.A: Incrível! Ainda estou assimilando essa loucura! Realmente tudo valeu a pena. Todo o estudo, todas as madrugadas acordado e todos os momentos que deixei de passar com a família e os amigos. Tenho apenas 27 anos e, agora, toda uma vida para curtir isso tudo, com a segurança e o respeito que este cargo proporciona, além do orgulho de poder contar essa façanha para as próximas gerações...
E.F: Como descreveria o momento que está passando?
C.A: Como os dias mais loucos da minha vida! Depois de passar a primeira fase, das provas objetivas, em 4º lugar, tranqüilo e despercebido, veio o resultado final. Além da emoção da aprovação, fui bombardeado com emails, entrevistas, depoimentos, viagem a SP... Enfim, muito legal. Nada muito “normal” para quem nasceu e cresceu em Vera Cruz/RS, uma cidade com cerca de 20 mil habitantes...! Fui para a Feira dos Concursos de São Paulo, por onde passaram, durante dois dias, muito mais concurseiros do que a população dessa cidade...
Conheci muitos professores que só via pela tela da televisão. Imaginem a honra de, não mais que de repente, estar ao lado de mestres como Ricardo Ferreira, Fontenele, Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino, Willian Douglas, e muitos outros professores fenomenais. Foi (e está sendo) muito legal, muito gratificante. Muito legal poder estar contando minha história de trabalho, família, estudo, e, com isto, poder estar, quem sabe, incentivando outras pessoas que se encontram na mesma situação.
E.F: Quais são suas expectativas para trabalhar na Receita?
C.A: São as melhores, sem dúvida. Batalhei muito para chegar até aqui, e agora estou pronto e cheio de disposição para o Curso de Formação e para, posteriormente, iniciar minhas atividades nesta nova carreira. Escolheremos a cidade de lotação durante o Curso, que farei em Fortaleza, mas com certeza terei que mudar de cidade, pois não há vagas aqui em Santa Cruz do Sul. Possivelmente escolherei trabalhar no Porto de Rio Grande, pois meu objetivo (e de minha família) é ficar o mais próximo possível da cidade onde hoje moramos.
E.F: Você ainda pretende fazer outros concursos ou a Receita Federal era seu grande objetivo?
C.A: Nada de concursos, daqui por diante! Auditor-Fiscal da Receita Federal sempre foi o cargo que almejei, e nada melhor do que terminar com este fantástico resultado! Agora é só “pendurar as chuteiras” e encerrar a minha carreira de 10 anos de concursos... Daqui para frente é só trabalhar muito!
E.F: Que conselhos daria a quem quer ingressar no serviço público?
C.A: Corram atrás do sonho! Mas estejam preparados: concurso público exige muita dedicação e esforço. Com a estabilidade, o respeito e a boa remuneração que um cargo como este proporciona, a concorrência é cada vez maior, e o nosso esforço deve aumentar na mesma medida. O esforço deve ser contínuo e duradouro. A persistência somente deve permitir parar quando alcançarmos a aprovação. E tenham certeza que é possível!
Enfim, cada um deve saber fazer um diagnóstico de sua situação. Perceber onde se encontra e onde pretende chegar. E a partir daí, traçar uma estratégia de estudos que permita, no longo prazo, alcançar os objetivos propostos. Sempre consciente das dificuldades que serão enfrentadas e de que a aprovação será a recompensa pela persistência e pela constância no objetivo.
Depois da desejada aprovação, é só trabalhar muito e ajudar a moralizar esse país!
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