*Fonte: Newsletter do Bom Dia Brasil
Ofertas abundantes e tentadoras. No quadro de avisos do curso preparatório para quem quer fazer concurso público, os salários merecem lugar de destaque. A estabilidade de emprego e a possibilidade de ascensão profissional levam milhões de brasileiros, todos os anos, a enfrentarem duras provas. São disputas acirradas, às vezes cem candidatos para cada uma das vagas.
“As pessoas se dedicam bastante. Eu imagino que na média de um ano, um ano e pouco as pessoas conseguem passar. Tem que se dedicar bastante, no mínimo oito horas de estudo por dia”, diz um candidato.
“As pessoas se dedicam bastante. Eu imagino que na média de um ano, um ano e pouco as pessoas conseguem passar. Tem que se dedicar bastante, no mínimo oito horas de estudo por dia”, diz um candidato.
Mas nos últimos dias a formação educacional de candidatos a gari surpreendeu muita gente. Entre os inscritos mais de mil universitários, 86 estão fazendo pós-graduação, 24, mestrado e mais de 50 já terminaram o doutorado.
A função exige somente quatro anos de escolaridade e o mais intrigante: não há provas de conhecimentos específicos. Só exames físicos. A consultora de concursos Lia Salgado estranhou, mas aponta uma possível razão.
“O que eu acho é que a instituição concurso público nunca foi tão divulgada. O que acontece é que pessoas que estão com dificuldades reais de se sustentar vislumbram nesse concurso uma possibilidade de uma aprovação bem rápida, praticamente imediata. Não é tão pouco, é um salário em torno de R$ 700, mais plano de saúde, vale-transporte. É uma condição que permite que a pessoa siga buscando um estudo maior, uma preparação até para um outro concurso de nível mais adequado para a sua formação” opina Lia Salgado.
Será mesmo essa a única saída para quem precisa de um emprego? O diretor de gestão de pessoas da companhia de limpeza urbana, José Paulo Junqueira Lopes, que coordena o concurso para garis, também não encontra uma explicação plausível: “Isso é uma curiosidade também nossa. Não esperávamos um número de inscrições tão grande assim de candidatos com formação maior”.
Especializado em políticas públicas, o juiz federal William Douglas ainda procura uma justificativa para o fato de tantos mestrandos e doutores buscarem o emprego. “Legalmente ele pode fazer, o que seria ilícito e caso de medida judicial é entrar em um cargo para passar para outro ou ser requisitado para amigo que é deputado. Aí não pode. Alguém com doutorado fazer concurso para gari é lícito, mostra até humildade, mas certamente vai ser alguém que não vai estar feliz ali e isso não é bom para o serviço público e nem para a pessoa”, aponta William Douglas.
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